Durante a manhã do dia no qual ele chegou àquela loja que vende comida, e tem ar-condicionado, ele despertou. Com sono. Fez o que sempre faz de manhã, comeu alguma coisa para quebrar o jejum. Ele se veste. E, com seu shorte azul marinho, e sua camisa cinza, ele sai. E saiu. Andou por alguns minutos até chegar ao parque.
O parque, em cujo portão está estacionada uma viatura da Polícia Estadual. Lá, no portão , simbólico, dois membros daquela corporação, provavelmente soldados, conversam lá perto. Ele gosta dos policiais. Gosta da instituição, na verdade.
Então, Pepino, o Breve entra no parque. Pisa na terra, pisa no concreto, anda, sobe, desce, tenta fazer exercícios nas barras. Não consegue. Já, não tem a força que um dia já possuiu. Não fisicamente.Porém, Pepino acredita ter uma vontade de aço. Por meses ele caminhou, se esforçou. Fez um esforço hercúleo para suportar essa cidade, essas pessoas, os malandros, essa guerra psicológica, santa, política. E leu demais. Mais do que deveria. Pensava demais. Foi à faculdade. Cansou de lá. Muita mediocridade para seu gosto, muita gente padrão. Eles não visam o mesmo que ele. Não com a mesma intensidade.
Mas para ele, nada disso importa, neste momento. Ele está naquele parque. O mesmo parque, circundado por uma rua, na qual correm os homens de preto. Ele os admira em certo sentido. Já leu um livro sobre eles. Escrito por dois ex-membros, e um sociólogo liberal.
Pepino sua. Respira. Sente-se vivo. Sente os raios do sol em sua pele. Chuva de sol. Estava ouvindo música. Em uma caixa preta, que cabe em seu bolso. E tem um fone de ouvido, antiquado. Aqueles fones que nao entram em seu ouvido.
E agora, em sua mente, uma música genial, tocada décadas atrás ecoa. E entram os vocais.
Doces vozes. Doces rimas. Ele navega, pelo espaço. Pelo infinito. E ninguém mais canta cantigas de ninar. E ninguém mais faz-lhe fechar os olhos. Então ele abre bem as janelas. E chama você através do Céu.
De volta ao deserto do Real.
Ele nasceu nos anos de 1990. Filho da nova ordem. Do pós-guerra. Era tudo tão óbvio. Agora o perigo pode estar em qualquer lugar. Sociedade de Risco. Estudou isso na faculdade. Gabaritou a questão sobre isso. Ah, o século XXI. Cheio de promessas. Jetsons. Admirável mundo novo.
Doce ilusão.
E as guitarras vão encerrando, deliciosamente a cansão. E o narrador está cansado. E o que sobra é isso. Lembranças. Dores. Musculares. Mentais. Espirituais.
Horas se passam. Anoitece. Ele chega naquela avenida, ponto de prostituição, cheia de turistas. Ao sair do calçadão e entrar na areia fofa. Tudo o que lhe oferecem, no treino de seu time, e a seus irmãos de guerra. É apenas uma coisa. Foi dita pelo professor estrangeiro: Sangue Suor e Lágrimas.
E ele ama isso. O esporte. A equipe. As cores. A superação.
Isso, senhoras e senhores, se chama Rugby.
Esse esporte, é bem intenso.
No entanto, é jogado por cavalheiros.
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